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Cultivando o amor que agradece.



Amor é o vocábulo mais importante em qualquer idioma — e também o que mais gera confusão! Pensadores, tanto seculares quanto religiosos, concordam que este sentimento ocupa um papel central em nossa vida.

Diz-se que “o amor é uma coisa esplendorosa” e “o amor faz o mundo girar”.

Milhares de livros, músicas, revistas e filmes existem pela inspiração dessa palavra. Inúmeros sistemas filosóficos e teológicos estabeleceram um lugar de destaque para esse sentimento. E o fundador da fé cristã coloca o amor como a característica que deve distinguir seus seguidores.1

Psicólogos concluíram que sentir-se amado é a principal necessidade do ser humano. Por amor, subimos montanhas, atravessamos mares, cruzamos desertos e enfrentamos todo tipo de adversidade. Sem amor, montanhas tornam-se insuperáveis, mares intransponíveis, desertos insuportáveis e dificuldades avolumam-se pela vida afora.

O apóstolo dos gentios, Paulo, exaltou o amor ao afirmar que qualquer ato humano não motivado por esse sentimento é em si vazio e sem significado. Concluiu que na última cena do drama humano, somente três características permanecerão: “fé, esperança e amor. Porém, a maior delas, é o amor”.2 Se concordarmos que a palavra amor permeia a sociedade humana, tanto no passado, como no presente, devemos admitir que também é uma das mais confusas.

Nós a utilizamos em milhares de formas. Dizemos: “Eu amo cachorro quente!” e, numa outra frase: “Eu amo minha mãe!” Nós a usamos para descrever atividades que apreciamos: nadar, patinar e caçar. Amamos objetos: comida, carros e casas. Amamos animais: cachorros, gatos e até tartarugas. Amamos a natureza: árvores, grama, flores e estações. Amamos pessoas: mãe, pai, filhos, esposas, maridos e amigos. Chegamos até a nos apaixonar pelo próprio amor.

Como se isso tudo não fosse suficientemente confuso, também usamos a palavra amor para explicar determinados comportamentos: “Agi dessa forma porque a amo”. Essa explicação muitas vezes é dada como desculpa. Um homem que se envolve em adultério chama esse relacionamento de amor. O pastor, por sua vez, chama-o de pecado.

A esposa de um alcoólatra recolhe os “pedaços” após o último “episódio” de seu marido. Ela chama essa atitude de amor; os psiquiatras, porém, tratam-na como co-dependente. Um pai que atende a todos os desejos de seu filho também chama essa atitude de amor. Um terapeuta familiar chamaria de paternidade irresponsável. O que é um comportamento amoroso?

O propósito do livro “As 5 linguagens do amor” não é o de desfazer a confusão que gira em torno deste sublime sentimento, mas focalizar aquele tipo de amor que é essencial a nossa saúde emocional.

Psicólogos infantis afirmam que toda criança possui necessidades emocionais básicas que devem ser supridas para que se possa atingir uma estabilidade emocional.Entre elas, nenhuma é tão essencial quanto o amor, a afeição e a necessidade de alguém sentir que pertence a outro e é querido. Com um suprimento adequado de afeição, uma criança tornar-se a um adulto responsável. Sem esse amor essencial, ele ou ela ficará emocional e socialmente atrofiado.

Logo que ouvi a metáfora que cito a seguir, gostei muito dela:

“Dentro de cada criança há um ‘tanque emocional’ esperando para ser cheio com o amor. Se ela se sentir amada, desenvolver-se-á normalmente; porém, se seu “tanque de amor” estiver vazio, ela apresentará muitas dificuldades. Diversos dos problemas de comportamento de uma criança provêm do fato de seu ‘tanque de amor’ estar vazio”.

Essa metáfora foi dada pelo Dr. Ross Campbell, um psiquiatra que se especializou no tratamento de crianças e adolescentes.

📷Enquanto eu o ouvia falar, pensei nas centenas de pais que, em meu escritório, desfilavam as inúmeras reclamações sobre seus filhos. Até então, eu nunca pensara em uma criança daquelas como um “tanque de amor” vazio, mas sem dúvida via os resultados dessa situação.

Os problemas de comportamento apresentados eram uma forma de procurar o amor que não recebiam. Eles buscavam o amor nos lugares e nas formas erradas. 

Lembrei-me de Ashley que aos treze anos de idade cuidava de uma doença sexualmente transmissível.Seus pais estavam chocados. Ficaram “uma fera” com a filha e também muito bravos com a escola, a qual culpavam por ensinarem sobre sexo. “Por que é que ela teve de fazer o que fez?”, perguntavam.

No âmago da existência do ser humano encontra-se o desejo de intimidade e de ser amado. O casamento foi idealizado para suprir essas necessidades. 

Em minha conversa com Ashley, ela me falou do divórcio de seus pais quando tinha apenas seis anos de idade. “Eu pensei que meu pai tinha ido embora porque não gostava de mim! Quando minha mãe casou-se novamente eu estava com dez anos de idade. Então pensei que ela já tinha quem a amasse, e eu não possuía ninguém. Eu desejava tanto ser amada por alguém! E então conheci esse garoto lá na escola. Ele era bem mais velho, mas gostava de mim! Eu não conseguia acreditar! Ele era muito gentil comigo e, por um tempo, acreditei que ele realmente gostava de mim.Eu não queria fazer sexo, mas desejava desesperadamente ser amada!”

O “tanque de amor” de Ashley ficou vazio durante muitos anos. Sua mãe e seu padrasto providenciavam tudo que ela necessitava em termos materiais, mas não perceberam a enorme carência emocional que havia dentro dela. Eles certamente a amavam e achavam que ela se sentia amada por eles. Já era quase tarde demais quando descobriram que não falavam a primeira linguagem do amor de Ashley.

A necessidade de alguém ser amado emocionalmente, no entanto, não é uma característica unicamente infantil. Ela nos segue pela vida adulta; inclusive no casamento. Quando nos apaixonamos, temporariamente essa necessidade é suprida, mas ela se torna um “quebra-galho” e, como acabamos descobrindo mais tarde, com duração limitada e até prevista.

Após despencarmos dos píncaros da paixão, a necessidade emocional de ser amado ressurge porque é inerente à nossa natureza.

Está no centro de nossos desejos emocionais. Precisamos do amor antes de nos apaixonar e continuaremos a necessitar dele enquanto vivermos. A necessidade de sermos amados por nosso cônjuge está na essência dos anseios conjugais.

Recentemente certo cidadão me disse: “De que adianta ter mansão, carros, casa na praia e tudo o mais, se sua esposa não o ama?!” Dá para entender o que ele realmente desejava dizer? Era: “Mais do que tudo, eu desejo ser amado por minha esposa!”

As coisas materiais não podem substituir o amor humano e emocional. Uma esposa disse, certa vez: “Ele me ignora o dia inteirinho, mas à noite quer fazer sexo comigo. Eu odeio isso!” Ela não odeia sexo, mas precisa desesperadamente do amor emocional. Alguma coisa em nossa natureza clama por ser amado ou amada.

O isolamento é devastador para a psique humana.

E por esse motivo que o confinamento é considerado a mais cruel das punições. No âmago da nossa existência há o íntimo desejo de sermos amados. O casamento foi idealizado para atingir essa necessidade de intimidade e de amor.

Por esse motivo os antigos registros bíblicos dizem que o homem e a mulher tornam-se uma só carne. Isso não significa que as pessoas perderão suas identidades; quer dizer que ambos entrarão nas vidas um do outro, de forma íntima e profunda.

O Novo Testamento desafia os maridos e as esposas a amarem-se mutuamente.

De Platão a Peck os escritores têm enfatizado a importância do amor no casamento. No entanto, esse amor que é tão importante, também é “escorregadio”. Tenho ouvido a confissão de muitos casais contando suas queixas secretas. Alguns chegam a mim porque a dor interior tornou-se praticamente insuportável.

Outros, porque percebem que o comportamento que assumem perante as falhas do cônjuge poderá levar o casamento à destruição. Há também os que simplesmente vêm para falar que não querem mais continuar casados. Seus sonhos de “viverem felizes para sempre” espatifaram-se contra o duro muro da realidade. Repetidas vezes ouço as palavras:

“Nosso amor terminou. O relacionamento morreu. Sentíamo-nos próximos um do outro, mas agora isso não existe mais. Não apreciamos mais ficar juntos. Não nos completamos mais um ao outro.”

Essas histórias testificam que tanto os adultos como as crianças possuem “tanques de amor”. Será que lá no interior de cada um desses casais machucados existe um indicador invisível de um “tanque” vazio? Será que esses comportamentos inadequados, separações, palavras duras e espírito crítico acontecem devido a esse “tanque” vazio? Se pudermos achar uma forma de enchê-lo, será que o casamento renasceria?

O “tanque” cheio possibilitaria que os casais criassem um clima emocional onde seria possível discutir as diferenças e resolver os conflitos? Será que esse “tanque” é a chave para que um casamento perdure?

Essas perguntas levaram-me a uma longa viagem. Em plena estrada descobri os simples, porém poderosos pontos de vista registrados neste livro (As 5 Linguagens do Amor). Essa caminhada levou-me não somente através de mais de vinte anos de aconselhamento conjugal, mas também às mentes e corações de centenas de casais através da América do Norte. De Seattle a Miami, fui convidado a adentrar no recôndito do casamento de vários casais e conversamos francamente. As histórias apresentadas neste livro foram retiradas da vida real. Nomes e lugares foram trocados para proteger a privacidade das pessoas que falaram com toda a liberdade.

Estou convencido de que manter cheio o “tanque de amor” do casamento é tão importante quanto manter o nível do óleo em um automóvel. Levar um casamento com o “tanque de amor” vazio pode ser até mais difícil do que tentar dirigir um carro sem combustível.

O que você descobrirá nesta obra tem o potencial para salvar milhares de casamentos, podendo também melhorar o clima emocional de um matrimônio que já esteja indo bem. Qualquer que seja a qualidade de seu casamento, sempre pode melhorar. ADVERTÊNCIA: Compreender os cinco idiomas do amor e aprender a falar a primeira linguagem do amor de seu cônjuge pode alterar completamente o comportamento dele. As pessoas relacionam-se de forma diferente quando seu “tanque de amor” está cheio.

Notas 1.  João 13.35 2.  1 Coríntios 13.13

Capítulo extraído do Livro “As cinco linguagens do amor” de Gary Chapman

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